Na semana passada aconteceu mais uma edição do São
Paulo Fashion Week que contou com 31 desfiles, mas sentiu a falta de alguns
nomes de peso como Glória Coelho, Iodice, Helô Rocha, Reinaldo Lourenço e
Ronaldo Fraga, que decidiram esperar a próxima edição enquanto se adaptam as
alterações nas datas do evento, além da introdução efetiva do fenômeno See now, buy now (veja agora, compre agora), onde as
marcas apresentam sua nova coleção e o público já pode adquiri-la.
Essa ação de mercado que o See now, buy now propõe já foi bem discutida no ano
passado, no qual ficou claro que esse consumo imediato, proporcionado pela
tecnologia, não afeta somente a produção das peças como também o modo de
divulgação das marcas, uma vez em que a coleção deve se tornar atrativa antes
mesmo de ser desfilada.
Além dessa adaptação nos
desfiles, as marcas e o próprio evento tiveram que se realocar para a atual
situação econômica em que o país se encontra, abrindo mão de alguns mimos, como
festas, instalações, entre outros. Todos os setores vêm sofrendo retrações e
isso inclui o setor varejista, desde o ano passado algumas marcas sentem as
dificuldades para se manter de pé.
Neste ano, o evento teve a
verba reduzida pela Prefeitura de São Paulo, que está realizando ajustes em
diversas áreas, recebendo algo em torno de R$ 5,6 milhões quando são
necessários, no mínimo, R$ 10 milhões para que a Fashion Week cumpra o seu
papel. Parte do dinheiro investido no evento vem do setor privado, ainda assim
com a economia mais apertada, essas empresas vêm cortando gastos e isso reflete
diretamente na semana da moda.
Uma das maiores preocupações
com tantas mudanças é que a São Paulo Fashion Week perca uma de suas maiores
características que é a expressão livre, a experimentação, já que sistemas fasts podem tornar algo puramente comercial,
no entanto, dificilmente o conceitual desaparecerá, já que diversas marcas
apostam no conceitual em seus desfiles e acabam levando para as lojas coleções
adaptadas.
Apesar das dificuldades, o
evento proporcionou diversos debates e novidades, como o programa Top Five do
SEBRAE, em que pequenos empresários foram orientados durante um ano e puderam
apresentar suas coleções, e o Projeto Estufa, que visa novos meios de fazer
moda através de discussões proporcionadas durante o encontro.
Algumas marcas também
chamaram a atenção como a Cotton Project, que se uniu a produtora Balaclava
Records para criar a trilha sonora do desfile e exaltar a música independente,
a À La Garçonne, que apresentou o plástico verde produzido pela Braskem com
tecnologia brasileira, e a Ellus que além de comemorar os 45 anos com uma
coleção inspirada na própria marca, ainda levantou as questões de gênero ao
trazer os modelos Rebeca Gobbi e Filipe Hillmann com trajes iguais e ambos com
o busto descoberto.
A São Paulo Fashion Week não
é a maior e mais importante semana de moda da América Latina por nada, o evento
não é apenas algo comercial, é uma experiência única e instigante que merece
mais reconhecimento dentro do próprio país.
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